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EUA rebaixados: E o Brasil?



Argemiro Luís Brum

Desde 2010, quando os efeitos negativos da grande recessão dos “subprimes”, originada nos EUA em 2007/08, se cristalizaram, este país vem perdendo sua posição de economia confiável (nota de crédito) aos olhos das agências avaliadoras de risco. Das três principais, a última (Moody’s) acaba de rebaixar a nota estadunidense, de Aaa (triplo A – a melhor nota) para Aa1.

Os dois governos Trump, com suas medidas temerárias e, em muitos casos, sem noção, aceleraram este processo a partir de 2017. Ou seja, os EUA se tornaram um país de maior risco. Afinal, “as notas de crédito têm a função de indicar aos investidores a situação econômica de um país. Elas apontam o risco de calote e a capacidade do governo de honrar seus compromissos financeiros.

A partir dessas notas, os investidores avaliam se vale a pena aplicar recursos em determinado país e se sua economia demonstra estabilidade. Quanto menor a nota, maior o risco para o investidor”. A alta dívida interna e o aumento do juro básico foram alguns dos motivos citados para o rebaixamento da nota.

O que isso pode resultar? Em perda de força do dólar, o que já vem ocorrendo também por outros motivos; tentativa de segurar o juro básico nos EUA (o que já está acontecendo igualmente) e, se possível, reduzi-lo logo adiante; aumento nos juros dos títulos estadunidenses, pois os investidores, diante do aumento do risco, tendem a exigir mais juro para comprar tais títulos etc.

O efeito sobre o Brasil pode ser a redução nos custos dos produtos importados, devido ao câmbio, e, com isso, menor pressão inflacionária; como consequência, a taxa Selic pode estacionar (talvez ainda se tenha um aumento de 0,25 ponto percentual, fechando o ano em 15% anuais), dando um pequeno alento à economia (muito irá depender do comportamento da inflação interna no país); redução nos ganhos com os produtos exportados (é o que vemos com a soja, por exemplo); e possibilidade um pouco melhor de rolar a dívida pública nacional.

No entanto, é bom lembrar que “ a classificação do Brasil pela Moody's, na mesma tabela, é Ba1, ainda um nível abaixo do grau de investimento. Neste nível, o Brasil segue na categoria de especulação, ou seja, ainda é considerado um destino arriscado para investimentos”. Há expectativa de que, na próxima avaliação, melhore de posição. Para tanto, o controle fiscal e a redução da Selic são necessários.  

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